Lembra daquela mulher que encontrei certa vez e me propôs um enigma? Parecia a Diotima de Sócrates, no Banquete. Lembra?
Voltou agora e jogou sobre mim esse emaranhado. Gritei que me desse pelo menos o nome do autor; ela fez um gesto de descaso com a mão. Muito culta essa mulher! Se anda por essas profundidades, só pode ser alguém bem próximo da iluminação.
Iluminado é o que procura essas senhas; se jogou em mim, é porque quer conferir aquilo que já sabe. Esse “algo misterioso” é a alma humana; é incompreensível porque, como emanação da consciência, não é consciência por estar no homem; e, mesmo não sendo consciência, atua com os atributos da consciência. Daí o autor afirmar que “não é transcendente nem sobrenatural”; de fato, não é transcendente, é imanente da consciência; não é sobrenatural, é natural, conformada em nossa natureza.
Se hoje é possível desvendar esse pensamento é porque o tempo andou e nos empenhamos em discernir o que está por trás do que os eméritos pensadores nos deixaram.
Em matéria de mística, o privilegiado não é o que entrou, mas o que lutou por chegar.
O autor sentiu, em si mesmo, os assomos da alma; buscava traduzir seus estados e emoções, mas lhe faltava a experiência que o tempo nos trouxe, faltava-lhe a aluvião da comunicação que apesar das aparências de louca, traz em seu bojo, sinais de esperança.
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