Os casais podem dizer-se que se amam em suas urgências, mas isso é urgência, premência; não é amor; o amor é sereno; não frustra mingúem. O verdadeiro amor quer o amado perto de si apenas para protegê-lo, não para tirar proveito de sua presença.
Diz-se que o amor é cego; é cego para que não tenha em que se apegar; é cego porque sem ver o outro, não discrimina; não distingue; apenas se afina.
Se eu penso nela movido por necessidades minhas, isso não é amor; por mais intensas que sejam minhas chamas; se eu penso nela porque busco nela o alívio de minhas tensões; eu estou preso a minhas tensões, não estou preso a ela, senão a minhas tensões.
A mãe nada pede para si; quer apenas o que faz a felicidade do filho; procura o filho esquecida de si, pelo bem do filho; isso é amor.
Aquele homem que se atirou às ondas para salvar os três, nada queria em troca; morreu praticando um ato de amor.
Amor não é um fogo que arde sem se ver. O amor não arde, não machuca, o amor se instala no coração quando está vazio de qualquer querer.
Se eu quero ser correspondido, é porque estou amando o meu amor e quero que ela tire meu amor de mim mesmo e o transfira para ela; ela passa a ser o lenitivo de meu querer. Isso nada tem a ver com amor. Meu amor não é correspondido porque não se fixa nela; fixa-se em mim mesmo; em minha frustração ferida; em minha mente desordenada. Meu amor é de mão única. Este tipo de amor pode conduzir a situações assim:
Ela era o sonho de minha vida, porém nada mais quis comigo; eu dei um tiro nela porque a encontrei com outro; não quis que a pessoa a quem eu tanto amava fosse feliz. Meu amor era tão intenso que eu perdi o rumo e fui viver atrás das grades...
O amor não correspondido enreda por essas vias de tantas torturas...
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