"Sabe no mundo em que vivemos, pessoas muito religiosas e muito ricas,pessoas muito pobres e muito religiosas.Por que existe esse tipo de coisa? Por que existem as pessoas mais ricas e as mais pobres,mesmo as duas sendo muito religiosas? Por que Deus faz isso?"
Texto do Michel
A análise do tema de pobreza e riqueza exige uma visão do equilíbrio universal; como nos pratos de uma balança: o equilíbrio está no meio. Sem essa dupla visão, tendemos para o fanatismo, afirmações distorcidas, apaixonadas: Deus é culpado de nossos erros.
Pobres e ricos são os dois pratos da balança; se houver só rico, é o desequilíbrio; se houver só pobre, o desequilíbrio permanece. Você quer saber por que o prato da balança dos ricos está tão mais pesado.
Cada lado Michel, tem sua compensação: de um lado, os pobres se desenvolvem espiritualmente; do outro, os ricos se embotam sempre mais com os bens da terra. O grau de espiritualidade se desenvolve entre os pobres porque estão acostumados a conduzir a mente para dentro de si mesmos, puxada pela fome, pela doença e tantas outras limitações que vivem a cada momento. Este é um itinerário pelo qual o rico tem de passar ainda; podem mudar as circunstâncias, os desvios dos caminhos; não muda o roteiro.
O rico, quando tem uma doença, tira a mente de si mesmo e se concentra no médico; o pobre quando tem uma doença mantém a mente fixa na parte doente. Economiza a energia que o rico desperdiça. Então veja que, do ponto de vista mental, o pobre está mais próximo da luz interior; o rico está apegado a sua riqueza e deseja aproveitar a vida; o pobre deseja a morte como libertação de seus sofrimentos. De maneira que, o que você vê como horror é, na realidade, o pobre se desenvolvendo naquilo de que o rico ainda está por percorrer.
Cada mente, cada pessoa é um espírito que precisa desenvolver-se; alcançar essa meta, o rico está mais distante. Daí a afirmação de que "é mais fácil a um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino do céu". O reino do céu é a consciência de cada um; o rico não quer saber de abdicar de seus bens e fazer exercícios de consciência.
Não significa que devemos deixar o pobre com sua pobreza para se elevar; ante um pobre, temos oportunidade de ajudar a nós mesmos, na medida que o ajudamos melhor. Amenizar o sofrimento de um pobre é amenizar o próprio sofrimento ou prevenir-se contra ele, porque a energia com que o ajudarmos voltará pra nós; de maneira que ajudar um pobre é ajudar-nos.
Quanto a saber por que Deus permite tanta desigualdade; eu responderia pra você que Deus quer que todos sejam pobres, para que estejam mais perto dele. Deus está no repouso de nosso coração; a mente está em meio ao movimento; se Deus ajudasse os pobres, todos seriam ricos e o desequilíbrio seria prejudicial ao desenvolvimento humano; ou por outra: Deus está em repouso, não pode sair para o movimento e defender uma ala da humanidade. Deus seria discriminador ao ajudar uns e não ter ajudado outros, ao longo da história.
E por isso que tenho insistido que Deus só pode ajudar a quem se abre interiormente. A ajuda de Deus é no sentido de que sejamos pobres quanto aos bens da terra, de que os ricos não querem abdicar.
Como Deus não intervém em nosso destino, deixou-nos os meios com que irmos de encontro a ele. Deus se torna mais forte em nós quanto mais fizermos o silêncio de dentro é o silêncio de dentro é contrário à riqueza da terra.
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