terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Carta – 2/6 ( Em 21/10/2008 )

Minha amada minha querida.

Hoje me arrependo de não ter aprendido a amar. Só quando a perdi, envolvo-me neste silêncio penoso; percebo que o amor vem quanto mais vazio estou; quando já nada mais posso;  quando nada mais tenho a desejar. Dura lição!
Aqui, nesta solidão gelada, penso nessas coisas e mente explode de não ter eu sabido ser-lhe o que hoje sou, o quanto lhe cobrei de tudo! Só agora sinto o peso do que fiz pelo que me vem de opressão: um aturdimento de pensar coisas estranhas de aniquilamento na esperança de ir estar com você; mas sei que algo assim só nos afastaria ainda mais; é preciso purgar o que eu fiz e que só comecei a perceber quando você já não tinha mais forças de suportar meu egoísmo.
Percebo ainda que sua ida foi recurso último de que você se utilizou para que eu faça o exercício de solidão; aceito-o como herança do que você foi, pelo esforço de me conduzir a momentos de reflexão e de que eu sempre estive ausente. Aceito-o pela grandeza de seu coração, no esforço ingente de conduzir o bárbaro para os caminhos de si mesmo; aceito-o como meio de estar com você com o coração aberto, na tentativa de que ainda sejamos um.

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