- levem isso ao endereço tal, uma casinha assim, assado. Digam à dona que o diabo mandou.
Chegaram.
- olha senhora, nós viemos entregar esta mercadoria que o diabo mandou pra senhora.
- louvado seja Deus, bendito o seu santo nome; e aí, de joelhos fazia orações de agradecer.
E os homens:
- senhora, foi o diabo que mandou!
- meus filhos, quando Deus manda, até o diabo obedece.
Um mesmo acontecimento com visões diferentes de cada um:
- para o ricaço, aquilo era ensejo de provar que Deus não existe; aquela mulher iria trocar
Deus pelo diabo porque o estômago fala mais alto.
- para os contratados, era uma entrega como qualquer outra, contentes com o recebido.
- para a mulher, aquilo era a indiscutível presença de Deus de quem vinha o socorro.
O tentador foi posto a nu, impotente e presunçoso.
O princípio da fé é termos fé em nós mesmos. Ter certeza de que o que se está fazendo é verdadeiro. Essa mulher tinha fé nela mesma, em seus atos; a fé em Deus é manifestação da fé com que fazia suas preces.
A força recíproca entre nossa fé e aquilo em que depositamos nossa fé é que nos dá o poder de “mover montanhas”; somos dotados de outra visão da mesma realidade; pela fé enxergamos além.
Uma mulher pobre e revestida de fé é uma vela acesa no candelabro de Deus; sabe contornar os ventos quando lhe tentam a chama voltada para o alto.
Esta história é também um exemplo de que Deus nos assiste conforme a abertura que fizermos em nosso inconsciente. A fome e as preces fizeram com que a mulher se abrisse à manifestação divina.
Chego a pensar que a Silvana se viu um pouco nesta cena; a Silva é professora universitária, a fome que sente é fome de Deus; mas ela está a caminho.
E me lembro daquele aforismo hindu: “quando o pássaro voa sob as trevas e sente fome, Deus manda a luz e ele encontra a terra; quando o homem sente fome do saber, Deus manda o mestre e ele encontra a luz”. O mestre estava dentro daquela mulher e, movida pela fé, enxergou além das aparências; também assim se fez na Silvana.
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