Assim acontecia em todas as iniciativas; era ver-se diante do obstáculo e os pés iam para trás. Certa vez, ela se deparou com um animal, corpo de lobo, cara de cão, olhos chamejantes. Não havia recuar; ela partiu para cima do animal e, instantaneamente, todas as outras imagens em que ela aparecera recuando, ao longo da vida, reapareceram, todas avançando.
Tinha superado o animal que alimentara sempre pela imaginação; era hora de se impor sobre ele.
Essas histórias são cativantes porque ilustram o poder humano de conduzir a mente a tirar as roupas velhas, pensamentos e costumes de outros tempos e que já não têm mais lugar em nossa mente.
A figura desse animal amedrontador pode ser a que fazemos do chefe; pomos sempre um pé atrás quando temos de encará-lo e o vemos com os olhos fantasmagóricos de um lobo.
É enfrentá-lo; temos uma dignidade que não pode ser posta à prova, sobretudo frente a esses fantasmas que a mente cria.
Nossa mente é sacudida por vozes de dentro que a empurram sempre contra nós,
fazendo crescerem os obstáculos; pinta-os com os olhos daquele lobo: não vai dar certo; é bobagem arriscar e tanto mais; aquela moça, desde menina dizia algo assim em seu interior e alimentava o medo; o medo era seu chefe.
Ou então a mente nos torna afoitos, arrojados, inconseqüentes e imprudentes: não tem nada, só mais uma dose; isso não faz mal.
Aquela moça reagiu apenas quando a situação se tornou irreversível; não convém que deixemos nossas fantasias nos conduzirem tão longe.
Se a mente nos desajusta, é ajustá-la na direção da consciência; a luz é logo ali.
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