Grandes ambientes, escola de primeira, luxo e o mais. Sumiram. Não voltariam. Ficou em aberto a inquietação.
Chegou-se a publicar que tinham sido aliciadas, tais os trâmites da fuga. Pobres pais...
A  situação já se estabeleceu: sumiram e causaram uma desilusão social; os  pais pareceram despertar que são parcos os relacionamentos com seus  filhos, sobretudo na infância. 
É  muito pouca a presença dos pais na educação dos filhos, ainda pequenos;  não me refiro à educação que essas moças tinham em escola de luxo;  refiro-me à educação-presença; os pais presentes na formação de seus  filhos, lá atrás. 
Os  filhos são entregues a creches, babás, tias, avós que não têm  autoridade sobre eles. Quando adolescentes, perdem a confiança nos pais  que não souberam impor-se; isso faz com que os filhos percam a  segurança; os filhos precisam de um referencial de firmeza que os pais  têm sonegado, em função de suas atividades sociais. 
É certo que, no começo, os pais não estiveram presentes na formação das meninas que as duas foram. 
O tempo que não se investiu antes é cobrado agora em ágio das alturas, em ágio gerador de situações desgastantes. 
Ao que tudo indica, nada de mais aconteceu; mas os jornais publicaram a pontinha  de um iceberg: um diálogo entre elas e um caminhoneiro com quem pegaram carona: 
- e vocês, não topam... 
– não, nós não somos disso. 
- isso só enquanto vocês têm dinheiro!
Que  sirva esse diálogo sombrio de lição: a sujeição a que ficam submetidas  pessoas que se lançam nessas aventuras: enfronhar-se nos subterrâneos de  inconsciências ávidas pelos desvios da mente jovem. São técnicos em  mostrar horizontes plenos de cores e luzes; é só ultrapassar, e será a  glória; ali adiante mudarão de rosto e se vestirão com os trajes do sem  escrúpulo. 
Do lado da família a estupefação, a falta de bússola, apegados a um sos até que polícia vença as pernas da burocracia. 
Enquanto  isso, as mocinhas, quando lhes faltasse dinheiro, segundo o  caminhoneiro, passariam o horizonte e se deparariam com um ambiente  semelhante àquele em que Castro Alves viu em: “Agar sofrendo tanto, que nem o leite do pranto tem que dar para Ismael”.  
O  cansaço de ser chique gerou o vazio social que essas mocinhas  procuraram preencher e, sem perceber, entraram por uma câmara escura e  se perderiam no sem-rumo para lugar nenhum, não fossem os pais irem  levar o leite que, com certeza, faltaria para Ismael... 
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