Entusiasmo é manifestação de liberdade interior. O entusiasmo que se apóia na libertação resulta de um esforço por esquecer as oposições, inclusive internas. O entusiasmo se torna expansivo, contagiante porque vem das camadas de dentro e passa por cima de todos os obstáculos.
O entusiasta está bem próximo de um líder. Ambos abraçam a mesma causa; um em função dos outros; o outro em função de superar pelo sorriso, pela palavra bem colocada. O entusiasta vende pelo tom da voz, pelos gestos espontâneos, mas precisos; o líder é ação; o entusiasta é presença insinuadora, o entusiasta é sedutor.
O entusiasta sabe fazer do momento uma obra de arte porque atua no presente; vive no aqui e agora; aí encontra a evidência que dispensa demonstração; o entusiasta extrai o argumento da realidade presente. A evidência desarticula qualquer argumentação contrária.
O entusiasta vive na superfície; os fatos são de seu domínio, pairam acima; não descem; o entusiasmo quer ser catártico.
O menininho tinha tendência para tocar piano e a mãe o levou para um grande concerto. Sentados, a mãe viu amigas com quem foi conversar; o menininho, sentindo-se só, levantou abriu uma porta; passou pela cortina e viu o piano; começou a dedilhar algumas teclas; sem seqüência. A mãe voltou e, não vendo o filho, imagine-se o pavor. Nisso, a cortina abriu e ela viu o garotinho sentado ao piano; não havia tempo de tirá-lo dali; entrou o grande pianista e disse ao menino:
- não pare, não pare.
Sobre as notas soltas do menino o pianista improvisava arpejos de extraordinária beleza. O público foi ao delírio com a exuberância do improviso.
O pianista era um entusiasta e aproveitou o aqui e agora para levar o público a fazer catarse no descarregar das próprias emoções.
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