Um amigo me escreveu com base no texto sobre os estudos de Paganini, do dia 18/06/08. Ele gostaria de perceber algum aprofundamento na relação entre o violino e a mística. Tento; quem sabe alcanço o gosto de meu amigo.
Estranha arte a de tocar violino. Que coisa mais misteriosa! O sujeito tem um espelho com quatro cordas esticadas e nada mais. Como é possível que vá buscar a nota exata naquela superfície lisa? De onde vem isso? Um pouco mais, um pouco menos e a nota desafina. Nem se fale do peso do arco; aquilo é uma tonelada. Nem vou citar os quantos obstáculos e sutilezas se têm de superar.
Dirigir-se para a alma é como tocar violino. No violino, é preciso dominar o arco; na direção da alma, é preciso dominar a mente; a mente se afina quanto mais se aplica; também no violino mais se depura.
Mesmo entre os violinistas, os timbres são diferentes, assim como entre os místicos. Raros foram os que conseguiram o som perfeito; como aquele cujas sonoridades saíram com tanta lucidez que repercutem ainda em nossos corações.
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