Não se trata de um mestre que vem de fora. Em primeiro lugar, temos de entender o que seja essa “fome do saber”; todo saber é o que se sabe para a alma; se meu saber não se relaciona com a alma, eu posso ser hum homem instruído; não sábio; porque o saber inclui harmonização com a interioridade humana.
Já percebemos qual é a procedência desse mestre que leva o homem a encontrar a luz; ele vem de dentro, das profundezas.
Aqueles pesquisadores penetrando cavernas, lá nos subterrâneos, sob abóbadas imensas, verdadeiros palácios formados por estalagmites, é pra ver naquilo a habitação da alma; lá no fundo, um lago de água azul; ali o silêncio, ali o repouso, ali a alma.
Acho que ter fome do saber é descer em nós pelas escarpas a essas regiões onde, não raro, vamos nos deparando com morcegos e serpentes, símbolos dos traumas por que temos de passar, antes de alcançarmos o lago.
Fome do saber é isso: penetrar no interior da gruta e alcançar o lago; o lugar de repouso, onde nossa alma habita protegida por rochas imensas; os morcegos não chegam até lá, mas assustam os que ousam ultrapassar seu lugar de habitação; as cobras não precisam ver: orientam-se pela onda de energia que sua língua capta na aproximação da presa; da energia, até os animais sabem como tirar proveito; só nós nada sabemos.
É preciso enfrentar esses animais; nós os alimentamos dentro de nós; nós temos de lhes tirar a comida; quanto mais fracos, mais diminui a resistência; crescem nossas possibilidades de vencê-los.
Aquele conferencista de há mais de cinqüenta anos, evoca essas reminiscências em mim; não sei o que disse, mas essa afirmação de ouro quem sabe, conduziu-me por essa gruta, onde espero chegar à mansão de meu mestre.
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