quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Carta - Mozart e ela - 2/6 ( Em 28/05/2008 )

             Eu ouvia um concerto de Mozart e você me apareceu de dentro da cabeça; bela deusa vestida com um cetim de flores desmaiadas que se somavam à beleza do quadro, expressão de Rafael.
Você apenas me sorriu e isso bastou para que eu esquecesse os dias de saudades que já não cabiam no coração. Sou feliz por vê-la; seu sorriso me falou de sua condição e você não me teria sorrido se eu não estivesse conforme suas aspirações.
Talvez você saiba melhor do que eu, pela visão que tem do alto, que tudo aqui continua belo afora certos desajustes da natureza, o mais é caminhar para a perfeição.
Falava sobre um concerto de Mozart; não é que aquele homem se deu de agrupar notas sincopadas com a leveza de uma bailarina na ponta dos pés!
Tive tão grande a impressão que cometi aberturas em mim mesmo a ponto de você aparecer como ilustração de meu ralo sentir.
            Entendi por que as pessoas dizem que receberam milagres; num dado momento, elas apenas se abrem; abrem suas resistências e o ideal a que elas almejavam veio pelo vazio que fizeram em si mesmas; eu sempre almejei sua presença, porém naquele momento não pensava em você, enlevado com as variações de Mozart; cometi aberturas em mim mesmo e você apareceu para completar minha felicidade.
Mozart é um eterno convite a quebrarmos as resistências e proporcionarmos a nós mesmos momentos inesquecíveis como esse de vê-la tão bela e tão pura.

Nenhum comentário: