Guardei aquela moeda pelo tempo de meu tempo; era bela, esculpida em relevo um homem com uma tiara de louros na cabeça em posição altiva de quem contempla o universo e os encargos das funções que exerceu pelo bem de seu povo. Parecia assumir as rédeas do mundo e encarar os débitos de todas as gerações deixados em contas a pagar.
Decerto aquele homem representou a segurança de seu povo que o conservara em sua memória talhando sua imagem naquela moeda, como forma de homenagem que prestava a seus heróis.
Demorou muito tempo para que eu me desse conta de que a moeda tinha outro lado. Do outro lado havia gravada uma mulher coroada, sentada, os braços apoiados sobre espaldares de muitos arabescos, cujo significado me escapava.
E fico pensando: como foi possível eu ter demorado tanto para perceber que aquela moeda tinha dois lados, como!
Agora dei de fazer generalizações e percebi que eu tenho dois lados. Vai ver que do lado de dentro está também uma mulher coroada, entronizada!
Aquela moeda é a projeção de mim!
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