Tiraram-me o crédito. Sou um devedor procurado; terei de viver no anonimato até encontrar jeito de fugir, lá pro outro lado. Tenho afinidades com o Rei de lá. Certa vez plantei uma árvore que deu frutos na terra dele; desde então ele me franqueou as portas de entrada.
Mas eu me lembro daquele homem; conversava com os jovens nas praças; para ele, as leis dos homens são sombras das leis divinas; tanto lá como aqui, são leis. Se eu estou em débito com as leis dos homens, esse débito não cessa com minha fuga; a solução deve ser outra: encarar meus credores.
Sabe aquele homem? Ele dizia que, quando a gente tiver demanda com alguém, procure resolvê-la antes de chegar ao fórum. Ele não disse, mas se chegar ao fórum, entra na rede e desarmar a rede é muito mais trabalhoso do que desatar um nó. Grande sábio aquele homem!
E se meus credores acharem de me procurar no reinado para onde eu penso ir! Que vexame eu daria a meu anfitrião!
O melhor é ir de peito aberto, carteira vazia, vida vazia, vazio de tudo. Se quiserem que me prendam; “quem não tem teto, está sempre em casa”; dali para a casa do Rei, será um passo apenas, não levarei documentos de entrar naquele território que o Rei é meu amigo.
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