Sonhei que me casara com uma estátua. Que coisa estranha! Eu queria falar com ela, falar mal dos outros, contar mentiras, andar de bicicleta, de ônibus sem pagar e nada disso.
Era bela aquela estátua! Todos queriam tocá-la e eu ali, com um belo dum ciúme; nunca imaginei que me metesse de tanta importância, porque todos me perguntavam sobre ela. Em sua imobilidade, em seu silêncio, ela se fazia presença nos transeuntes mais do que eu.
Uma parte do dia ela se dispunha para mim e me ensinava sobre as profundezas do silêncio quieto, recolhido. Eu não sei onde ela aprendeu todas essas coisas práticas; sei que nisso era mestra.
Certa vez me propôs um enigma que ainda me consome.
Nem tudo o que está nas alturas tem grandeza; o que está próximo do chão nem sempre é baixo.
Disse isso e desapareceu.
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