Apenas agora libertei-me do estado de inconsciência por que passei, em virtude dos acontecimentos que deram origem a seu desterro. Chego a imaginar que a procurei sob amnésia, mas disso não tenho estado. Lembro-me agora que íamos em diligência: uma espécie de moto voadora; íamos e conversávamos sobre assunto vário.
Súbito você se deu conta de que não levava provisões para seu destino e nos desviamos do caminho por atendê-la na emergência de chegar.
Foi então que aquela serpente, descomunal serpente, postou-se no caminho. Estranhas formas brancas, muito brancas, voltadas sobre si mesmas na posição do bote.
Olhávamos aquilo de um plano elevado quando, num átimo, esticou-se no ar e não vi mais você; tudo se diluiu.
Desde então, coloquei-me à margem do mundo; agora, adquirida a memória, amargo a difícil certeza de que você se expôs por me salvar.
A luz que havia em mim vinha de você, você levou; e o que ficou em mim não tem a visão do caminho.
Você era estrela-guia e a estrela-guia se escondeu na curva do horizonte, mas ainda me resta um clarão no céu e seguirei em sua direção rumo ao infinito.
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