Os operários conversavam furtivamente, até que, batido o sinal, debandaram-se no interior da fábrica.
Mas ele saiu daquele ambiente encafifado; queria saber o que era aquilo; não atinava o que fosse; a máquina quase lhe pega os dedos por distração. Procurou o chefe: o que é solstício? Por não saber, o chefe o repreendeu; na empresa não era lugar de discutir essas coisas.
Na rua, quis perguntar a uma mulher que lhe pareceu saber. Não. E se fosse palavra feia, como ficaria se ela lhe dissesse que solstício diz respeito a homem solteiro? Coincidiria com a situação dele, enrubeceria; e, quem sabe, ela entenderia qualquer insinuação e o negócio pegaria mal. Consultou o livro que falava sobre o sol se afastando tantos graus quando a casa da lua está sob influência de netuno, formando um triângulo de ferro.
Talvez nem fosse aquilo que queria saber porque tudo lhe parecia muito confuso; não perguntaria à bibliotecária; ela poderia entender que ele estava de asas caídas. Na rua, quase o atropelo, por absorto em seu pensar.
À noite sonhou: uns homens eram tragados por uma espécie de buraco negro, a sua frente, um homem sentado num trono o repreendia por indecoroso pensar, ao tempo em que a lua alinhava com o sol sob os olhares de saturno; passava uma mulher que tudo a ele explicou de modo que não deixasse dúvida, mas quando acordou, esqueceu o que ouvira.
Deduziu que a palavra solstício era algo sagrado a que ninguém tinha acesso sem ferir a divindade; dormiu em paz. Seus colegas eram pessoas sábias.
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