Platão diz que “entre a ignorância e a ciência existe um terceiro elemento: a reminiscência”. Em outra parte, ele afirma que, se eu sei algo embora não conheça esse algo, é porque minha alma viveu esse algo em outro plano e tem dele a reminiscência.
Esse Platão é demais! Em que baú esse homem foi buscar isso!
Platão está afirmando que no interior de todos nós está a alma; o que eu vejo e desconheço minha alma já viu e o identifica. Eu sou ignorante quanto ao caminho a percorrer na direção de minha alma; eu não sei qual é o caminho, mas minha alma sabe e me orienta porque ela tem em si a reminiscência, a lembrança desse percurso. Lindo! Lindo!
Por que a reminiscência? Porque, segundo Platão, quando a alma se estabelece em nosso coração, ela se esquece de tudo. À medida que eu vou vivenciando as coisas aqui fora, ela vai recordando. Parece que eu já vi essa cidade, já estive nesta praça; é a alma despertando suas lembranças.
A princípio, a alma fica restrita à emissão de energia, esquecida de tudo. Nós, aqui fora, devemos encaminhar a mente na direção dela para que ela vá readquirindo a memória de suas origens.
Mas como foi que eu me esqueci disso! Por que só agora me lembrei? Eis aí um exemplo típico de reminiscência. A alma despertando e nos apontando sua real condição de auxiliadora, mesmo aprisionada na densidade da matéria.
O tema é tão bonito que até me esqueci do que ia fazer. Eu ia estabelecer um paralelo entre a ignorância e a ciência. Fiquei no meio, com a reminiscência.
Não era aí que os latinos nos aconselhavam ficar? “Virtus in medio”. Não sei como diziam essas coisas se foram tão violentos! É que tinha consciência de uma estratificação existente entre eles: em um dos extremos, as elites; no outro, os guerreiros; no meio, os da virtude; exatamente onde se situa a reminiscência de que a alma se serve para nos elevar.
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