A motivação se enquadra na lei de causa e efeito: “a cada ação corresponde uma reação da mesma natureza e em sentido contrário”. Significa que, se eu motivo alguém, recebo de volta a energia de que me utilizei para motivar o outro. No ato de motivação, a energia vai e volta; se sou eu o centro de minha motivação, eu libero uma energia que atua diretamente no sentido de fortificar a motivação de mim mesmo.
Motivar é um ato de despertar em alguém potencialidades que se encontravam latentes, inativas, adormecidas; vem alguém e desperta essas potencialidades ou algumas delas.
Estamos saturados de saber sobre pessoas que foram motivadas para a prática do mal; nossa formação, no entanto, nos impõe motivar o outro que desperte, em si mesmo, os próprios valores que lhe sejam bem em si mesmos.
Este é o sentido maior da participação: criar condições para que o outro se desenvolva; este é o sentido maior da contemplação: identificar no outro e lhe mostrar valores que possam vir à tona e se coloquem a serviço de bem conduzi-lo.
A maior preocupação de um docente deve ser aquela de conduzir o discente para dentro dele mesmo; assim orientado, ele trabalhará as próprias potencialidades; elas serão testemunhas do esforço do professor; deporão a seu favor em qualquer tribunal de consciência.
Os métodos com que se faz isso são de múltipla espécie. Ocorre aquela empresa que levava seus funcionários para uma fazenda e os distribuía em pequenos botes; eles tinham de conduzir o bote na correnteza, superando em conjunto, a força das cachoeiras.
É certo que aqueles funcionários não seriam mais os mesmos após a experiência; tinham praticado a tomada rápida de decisões para manterem o equilíbrio do bote; aquela experiência com certeza ficaria gravada no inconsciente e se estenderia às atividades de tomada de iniciativa na empresa.
Há o desmotivado, o renitente, o inconsciente; para esses, o método pode ser amargo, desde que alcance o fim de fazê-lo despertar.
A história anda aí pelas asas da Internet, e todos sabem daquele sujeito que trabalhava de faxineiro na empresa há mais de 20 anos; veio um novo dono e o chamou.
- a partir de hoje você passa a anotar os pedidos e outros conteúdos de telefonemas dos
clientes.
- moço, eu não sei ler nem escrever.
- então eu não posso ficar com você; tenho de demiti-lo.
Recebeu os haveres, comprou um carrinho passou a vender miudezas, ganhou dinheiro. Certo dia foi chamado pelo banco – o senhor tem um dinheiro aqui parado, por que não aplica?
- eu não sei como aplicar.
- não se preocupe; eu faço tudo; você só precisa assinar aqui.
- moço, eu não sei ler nem escrever.
- puxa! Sem saber ler você conseguiu fazer tanta economia, imagine se fosse letrado!
- moço, se eu fosse letrado eu seria faxineiro, fazendo anotações de pedidos numa empresa.
A dose foi amarga, mas a motivação veio despertá-lo para outros ramos de atividade: empreendedor, vendedor, aplicação em banco, conversar com gerente, consciência de seu valor e, quem sabe, aprender a ler. Essas eram potencialidades que estavam latentes nele enquanto era faxineiro e, uma vez desperto, elas vieram à tona e o motivaram à reação.
Se não é este o método ideal, pelo menos deve ser a intenção: levar o ser humano a se firmar; ir despertando em si a natureza de suas origens e os valores com que trabalhar.
Motivar é um ato de fé; é ter em mente o poder que está no outro e conduzi-lo a identificar os tesouros enterrados no fundo de sua psique.
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