Esta afirmação de São Paulo foi escrita num tempo de transição, em que ainda se viviam os costumes que vinham da aliança de Deus com os profetas: Deus prometia e cumpria a promessa.
Com a vinda de Cristo, Deus saiu de falar, de fazer promessas; não mais habitava num universo; no universo, exterior a nós, estão seus atributos.
Deus se instalou dentro de cada um de nós.
Nesta condição de internato, Deus não é fiel, nem inflei. Deus é, aqui e agora, sem tempo passado ou futuro. Seus atributos estão em disponibilidade; se quisermos encontrar Deus, temos de entrar em nós mesmos; Deus se manifesta por seus atributos, disponíveis em nosso interior.
A aceitação de que Deus é fiel pode criar em nós a indolência, a preguiça em virtude de esperarmos que a promessa se cumpra; passamos a esperar a promessa e nada fazemos no sentido de que a promessa se cumpre em nós, por nosso esforço de buscá-la dentro de nós mesmos. É um raciocínio bem urdido: Deus prometeu a salvação; Deus é fiel, eu só tenho é que esperar que ele cumpra a promessa; Deus virá nos salvar. Nós vinculamos Deus ao tempo: Deus cumprirá a promessa.
Essa maneira de pensar é contrária às pregações de Deus; porque continua presa ao Antigo Testamento e não leva em conta que Deus só atua quando alcançado por nossa mente.
Não podemos esperar nada de Deus como promessa de que venha nos ajudar; não. O auxílio deve ser buscado; não poderá ser concedido a quem não lutou por ele.
Basta pensar no que o anjo disse a Maria: “achaste graça no Senhor”. Prestemos a atenção no verbo “achaste”; Maria achou, não foi achada. Achou porque procurou dentro dela mesma. Fora de nós, é possível achar sem procurar; dentro de nós, só acha quem procura
Esse é nosso destino: achar a graça; não ficar esperando como filhotes de passarinho com o bico aberto pela comida. Nós temos mente e consciência; temos de ser independentes até de Deus; quando formos independentes de Deus, acharemos Deus; temos de aprender que o tempo da promessa já passou; agora é o tempo de achar. Para isso, Maria nos deu o exemplo.
No mundo aqui de fora, nós podemos achar sem procurar; no entanto, quando o assunto è sobre a promessa, temos de procurar, e procurar dentro de nós mesmos.
Se o assunto envolve espiritualidade, a procura é fundamental; Deus não pode ser fiel aos negligentes.
Deus é fiel aos que procuram dentro de si mesmos, porque só aí é possível o contato com Deus; só dentro de nós é possível usufruirmos da promessa.
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