Um cronista de real valor fazia um comentário sobre duas grandes potências, uma econômica outra bélica. Uma se fixava no futuro; toda a sua vitalidade estava direcionada para o futuro; “mas o futuro nunca chega”, dizia o escritor. A outra potência vive em função do presente; tudo feito em função do aqui e agora e dizia ainda o autor: “mas o presente nos escapa sempre”.
A base do aqui e agora está na interioridade humana; na interioridade humana, o aqui e agora é permanente; não existe o tempo.
Essas nações firmaram seus alicerces no tempo mas o tempo se esvai e não oferece sustentação. Essas nações vão sofrer abalos porque o tempo passa. Ambas têm os mesmos objetivos, só que com roupagens diferentes. Por isso, não conseguiram manter-se: a do futuro fechou a cortina sem saldo sequer para segurar seus cientistas que estão hoje a serviço de nos amedrontar, com tochas atômicas, sob o fausto do petróleo. A outra, açoitada pelos ventos do orgulho, varreu um país e se enfiou num beco sem saída; agora sente o peso da vergonha de bater em retirada.
Se existia um ponto comum, este pode ser dimensionado hoje pela derrocada com que arrastam atualmente as bolsas e a escassez de alimentos em toda parte. O pior é que a doideiras dessas malucas reflete sobre nós, que nada temos a ver com a vaidade de ambas.
Viver o aqui e agora sem abdicar, é superficializar; por mais que se queiram criar raízes, não dá porque o tempo também tem seus caprichos; faz passarem por nós as horas, e não nos dá segurança. O tempo nos consome quando o colocamos como amuleto de nossos passos.
Lembra aquela menininha Isabella? Nós fazemos do tempo um referencial e o tempo nos atira pela janela.
Aquela do aqui e agora tinha duas irmãs; eram a menina dos olhos; eram o mimo de ser e o tempo lhes cortou as pernas e ambas tombaram sobre o orgulho de se confiar no tempo.
Só podemos confiar no tempo onde ele não existe; o tempo não existe no coração humano, se ele está isento dessas vaidades que, por cegueira, os homens buscam fixar seus alicerces no movediço do tempo.
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