segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Carta à Ilza - 1/4 ( Em 20/02/2008 )

Ilza querida, de seus dizeres tão edificantes sobre o blog, escapou-me comentar com você uma afirmação sua e de grande sensibilidade; você se afirma impressionada em pensar que nosso único bem é a Consciência a que unicamente prestaremos conta.
Fico a pensar que você tem razão; o lugar é aqui; a consciência não será o juiz; mas sem ela, nada se fará. O juiz é bom que o conheçamos será causa e efeito, ninguém mais.
Você decerto já viu na praia pessoas deitadas; quando se levantam, ao corpo aderiram-se milhares de grãos de areia, alguns resistem sair em virtude de o corpo ter transpirado; prendem-se pelo suor. 
Assim fica nossa mente; a ela se aderiram grãos de traumas, fracassos, aventuras e deslizes que se perderam ao longo de nossa vida.
Esses são os contrapesos que teremos de descartar. Na praia, basta ir à água e eles se desprendem; na mente, não há como o fazer, senão pelo mergulho no silêncio.
            Nascemos limpos de qualquer impureza; ao longo de nossa vida, a mente foi se imbuindo de pólens dos caminhos; para o retorno, temos de tirar essas “roupas velhas”.
Se sairmos daqui com valores que não trouxemos, não teremos condições de permanência no plano fora daqui. Ninguém virá nos fechar a porta; nós é que sentiremos a rarefação do ar, incompatível com nossa condição.
            Portanto Ilza querida, sejamos nossos próprios juízes e nos antecipemos pelo exercício de descer a nosso centro, onde está a fonte que limpa sem julgar, porque ali é vigente a lei do amor e o amor não julga; tudo perdoa.
            Sejamos felizes querida, a felicidade também é fator de limpeza; mas sejamos acima de tudo corajosos, que é uma forma de nos relacionarmos com a própria alma, de onde vem o divino socorro.

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