Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos Mt 22,14.
Se uma divindade escolhesse alguém, seria discriminadora. A palavra “escolhidos” não se refere a qualquer comparação entre pessoas, entre espíritos; escolhidos são aqueles que superaram as dificuldades no entrar em si mesmos.
A quem sobe um monte, a paisagem vai se revelando conforme a subida; se só poucos alcançam o alto, só a esses poucos ela se revela com mais pormenores; e mais amplitude de visão; esses poucos são os escolhidos; ninguém os escolheu; eles alcançaram a condição de contemplar a paisagem na dimensão em que se estende.
Todos nós somos chamados a entrar em nós mesmos; nem todos têm a mesma persistência na subida.
A escolha não é feita pelas qualidades, mas pelo grau de alcance na direção da alma.
Lembra esses livros infantis? O mocinho passa pelas piores peripécias à busca de libertar a mocinha: essa mocinha é a representação da alma humana; o espírito passa pelos piores obstáculos de nosso psicossomatismo e, quando encontra a mocinha, os dois se casam, vibram na mesma nota; a narrativa termina com a expressão: “e foram felizes para sempre”. Os dois continuarão vibrando em uníssono, no mesmo nível de energia. Ela é a causa; ele é o efeito; causa e efeito se conciliam na afinação do mesmo tom.
No mundo dos homens, o mérito é fator decisivo para uma escolha séria; no mundo do sagrado, também; a escolha se faz por mérito daquele vai mais fundo ao centro de si mesmo.
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