segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Textos para a Juventude - Revolta - 4 - 1/5 ( Em 19/03/2008 )

A revolta é decorrente da falta de referencial interno que o adolescente não encontra dentro dele mesmo. Ele não encontra referenciais de fé, coragem, espírito de família, espírito de luta ou coisa assim.
O adolescente agitado está à deriva; sem norte, carente de uma corda que o traga às margens da correnteza. A falta de referencial interno lhe deixa a mente sem sustentação. Lembra  aquelas pessoas que se agarram aos postes para não serem levadas pela correnteza? Assim fica a mente do adolescente sem referencial dentro de si mesmo.
Para se ter uma idéia do que seja esse referencial interno, ocorre contar aquela do pai que levou o filho a pescar; era proibido pescar antes de meia noite; lá pelas 22 horas, o jovem lançou a rede e arrastou um peixe lindo, lindo. O pai ficou encantado.
- pai, vamos levar este peixe; ninguém está nos vendo mesmo.
- não filho, nós não viemos aqui para transgredir a lei. Vamos devolver o peixe ao rio. E assim se
  fez.
Este diálogo tão curto apresenta diversos referenciais com que o filho contará ao longo da vida: obediência, respeito, cumprimento do dever, consciência de que a honestidade não deve ser praticada apenas quando os outros estão nos vigiando.
A mente jovem se inquieta por falta desses referenciais; ela precisa deles porque está em formação, abrindo-se para o pensamento organizado; com eles, ela se apóia para estabelecer contato com a alma.
Um jovem revoltado tem a mente vazia de qualquer apoio; se não conta com ele, duas conseqüências opostas se verificam e seu convívio, sobretudo escolar:
- ele se compara; os outros aprendem com mais facilidade; ele não assimila; incha e explode.
- não encontrando referencial que motive o aprendizado, não adianta se esforçar; aprender para
 quê? Não vale a pena o esforço; vem a indiferença que leva à apatia, à isenção, ao sono.
Nós só identificamos os objetos porque temos um padrão desses objetos dentro de nós: conhecemos o pão, o sapato, a estrela porque já temos um modelo deles dentro de nós.
Dizem que, quando Colombo aportou nas praias da América, os índios olhavam e não viam as naus; o que lhes chamou a atenção foi a agitação das ondas. Os índios não tinham, dentro de si mesmos, um referencial de navio.
Assim o jovem: se não tem padrões de aprendizado, de concentração, de fé, não vê valor algum no que a Escola lhe oferece.
A segunda conseqüência de um jovem se fechar é ele assumir o oposto da revolta é a lentidão, a apatia, a preguiça, o sono.
Qualquer pessoa de quem se tiraram os referenciais internos, tem tendência para esse estado que a encaminha para a depressão. No jovem isso começa pela constatação de sua inutilidade: a ausência de um padrão interno tira-lhe a visão; se ele não encontra valores em si mesmo, como pode encontrá-los nos outros? Forma-se a ausência, a descrença, a fuga sem rumo. Ele dorme, aquilo de que se está falando lhe é absolutamente alheio, estranho.
Por que isso acontece com os jovens? Por que é a época em a mente do adolescente está se abrindo para o pensamento organizado, repito; ele precisa contar com os valores que tiver plantados em seu inconsciente; sua psique está se abrindo; se não há semente, nada pode aflorar; a psique se torna um solo árido.
A ajuda? Creio que o meio mais objetivo é acompanhá-lo na leitura de um livro de auto-ajuda.
Criticam-se os livros de auto-ajuda; comer não é auto-ajuda? A ida ao médico não é  auto-ajuda? Passear não é auto-ajuda? Se nós devemos ajudar o corpo, por que somos criticados no ajudar a mente?
É que essa propaganda esconde outros interesses... 
Um livro de auto-ajuda traz conteúdos que repercutem na alma humana e fazem despertar certas potencialidades que se encontravam adormecidas por falta de identidade, de um chamado. Os livros de auto-ajuda são instrumentos úteis a jovens de toda espécie sobretudo os desmotivados.
Creio que todo curso com adolescentes deveria começar com um livro de auto-ajuda que criasse, no aluno, alguns referenciais a serem utilizados ao longo do curso.

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