Quando era criança, você teve medo, lembra? Um susto, uma queda, doença, agressão, desastre; algo assim. Você pode não se lembrar deles, mas eles estão aí; sabe por que eu sei? Porque você tem aquelas vozes internas, aquelas que atormentam nossa mente e buscam sempre exaltar nosso ego ou nos fazem viver cenas em que somos vítimas.
Esses distúrbios são reflexos daqueles sustos; embora você não se lembre quando
eles vieram instalar-se dentro de você; o fato é que estão aí.
Se o jovem possui internamente pontos referenciais de fé em si mesmo, coragem, desinibição, esses traumas podem ser amenizados; quem não os tem precisa decorar textos curtos e de incentivo que, com o tempo, alcancem sua psique ou repetir constantemente as palavras: eu
creio em mim mesmo, eu tenho coragem, eu sou desinibido.
Sem esses pontos, o jovem busca apoio, não raro, em lugares pouco recomendáveis; alguns são induzidos às drogas.
Com as drogas, abre-se o portão para um passeio, a princípio, aconchegante; em pouco tempo, vêm os tumultos de que passa a ser vítima; aqui entram os agentes ocultos que centralizam escusos interesses.
Esse negócio de pensar que comigo isso não acontecerá é pura fantasia; a princípio a dose mínima faz efeito; ótimo! Depois já será necessário um pouco mais e assim vai; a princípio não se quer sair; quando se quer sair, já não há mais meio de se libertar: o corpo já pede aquela “serenidade”, a psique quer se livrar das vozes internas que se tornam sempre mais infernais.
Além da dependência das drogas, o jovem fica sujeito a um patrão oculto. O texto abaixo é uma metáfora que retrata o papel desse patrão; ele atua sobre suas vítimas por uma espécie de controle remoto.
“As formigas são infectadas por um parasita que toma conta do cérebro. Elas ficam subindo por folhas de capim até alcançarem o ponto mais alto, quando então caem e recomeçam a subida. O parasita ordena esse movimento porque quer que a vaca coma o capim com a formiga e ele possa se alojar no estômago da vaca e completar seu ciclo”. (1)
Percebeu como o parasita está escondido? Cada vítima é uma formiga que ele obriga a vender droga, se quiser ter dinheiro para atender as próprias necessidades que vão se acentuando sempre mais; a vaca são os compradores em cujo bojo o parasita engorda, e o jovem não consegue sair daquela situação de dupla dependência.
Creio que um meio mais objetivo de se tratarem pessoas assim seria pela hipnose: plantar, no inconsciente, idéias de reação a esse estado de penúria.
(1) – Desconheço o autor; peço desculpas por citar o texto sem sua autorização.
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